sexta-feira, 17 de junho de 2011

F1 2011 - GP DO CANADÁ

Aqui a transmissão da Rede Globo durante o inesquecível
Grande Prêmio do Canadá, com certeza uma das melhores
corridas
de Fórmula-1 de todos os tempos.
A Globo realmente sabe TUDO, né não?



Demorei para postar sobre o GP do Canadá porque a corrida foi interrompida pela Rede Globo para transmitir um jogo do Campeonato Brasileiro. Procurei pela internet para ver se encontrava algum lugar em que eu pudesse acompanhar a corrida em streaming, mas não consegui. A solução foi esperar alguém fazer o upload da transmissão da BBC para poder assistir depois.

Eu soube do resultado no domingo mesmo, mas preferi esperar até conseguir assistir à corrida antes de postar, e não me arrependo. Porque o GP do Canadá de 2011 foi o tipo de corrida que merece ser assistida na íntegra, por ser parte do seleto grupo de provas que merecem a alcunha de “as melhores corridas da história”.

O GP do Canadá teve de tudo. Acidentes, chuva, safety cars, polêmicas, ultrapassagens memoráveis, atuações históricas e recuperações memoráveis.

Teve um ganhador que bateu duas vezes – uma delas tirando o próprio companheiro de equipe – e parou nos boxes SEIS vezes, sendo que a 30 voltas do final da prova, ele estava em último lugar.

Teve um pole que manteve a liderança em praticamente todas as voltas de uma corrida que teve chuva intensa, 4 safety cars decorrentes de acidentes e uma bandeira vermelha. Depois de sobreviver a tudo isso, rodou na última volta e, mesmo assim, terminou em segundo.

Teve um piloto que estava desacreditado e devendo resultados – alguém que muitos consideravam estar na Fórmula-1 apenas por capricho – dando show na pista em condições adversas, fazendo ultrapassagens geniais e perdendo seu lugar ao pódio por questões puramente de equipamento.

Teve a confirmação de que um dos mais talentosos e frios pilotos da atualidade estava perdendo seu autocontrole e cometendo erros quase infantis por não conseguir manter a cabeça fria perante o calor e a pressão do esporte.

E o mais bacana? O espectador brasileiro pôde ver apenas uma pequena parte disso tudo, mesmo os que pagavam a mais para ter uma TV a cabo ESPACIALMENTE PARA TER ACESSO A ESSE TIPO DE COISA.

O que o Brasil viu foi uma corrida com chuva que começou sob o safety car, com o pole Vettel sendo escortado pelas duas Ferrari.

Na saída do safety car, o Hamilton já mostrava qual seria a estratégia para a prova. Primeiro ele tocou em Mark Webber, jogando-o lá pra trás, depois errou na tentativa de ultrapassagem a um surpreendentemente rápido Schumacher, perdendo a posição para seu companheiro de equipe Jenson Button, e depois conseguiu bater nele e ocasionar um abandono para si mesmo, uma parada nos boxes para Button e um safety car até que conseguissem limpar a pista.

A prova ficou algumas voltas atrás do safety car e voltou na 13ª volta, quando fomos informados de que Jenson Button teria que fazer um drive-through por ter excedido o limite de velocidade durante o safety car. O resultado foi que ele voltou em 14º, com a corrida seriamente comprometida.

A chuva apertou e o safety car teve que voltar para a pista. Pilotos cá e lá aproveitaram para trocar pneus, mas a corrida viria a ser interrompida com a bandeira vermelha na volta 25, quando a ordem era Vettel, Kobayashi (que não havia parado), Massa, Heidfeld, Petrov, di Resta, Webber, Alonso, de la Rosa (que corria no lugar do contundido Perez) e Button.

E foi isso que o Brasil viu.

A transmissão da Globo nos abandonou e não teve nem a decência de passar o sinal para algum de seus canais por assinatura. Fui obrigado a esperar encontrar uma transmissão da BBC na net para poder assistir à segunda metade da corrida.

Por ironia, foi na segunda metade que a corrida pegou fogo de vez e a Globo deve estar se mordendo até agora por ter perdido a chance de transmitir uma prova histórica. Se bem que, vamos combinar, eles não devem estar NEM AÍ.

De qualquer forma, ao passar a chuva forte, a corrida foi recomeçada atrás do safety car, e assim ficou durante 10 voltas, até que recomeçasse DE FATO.

Schumacher foi o primeiro a entrar para trocar seus pneus de chuva por intermediários, seguido por Button na volta seguinte, o que jogou ambos lá para trás. Só que muito mais rápidos dos que ainda insistiam nos pneus de chuva.

Percebendo isso, meio mundo entrou para fazer a troca, incluindo as duas Ferrari, e logo na sequência víamos o Alonso atravessado na pista.

O replay mostrou um acidente entre Button e Alonso na chicane ocasionando o abandono do espanhol e uma nova parada para o inglês, que se arrastou aos boxes com uma de suas rodas sacudindo violentamente como se fosse uma MARACA MEXICANA.

Resultado da batida? Novo safety car.

Button voltou para a pista em último, mas conseguiu usar a velocidade reduzida que o safety car impôs aos outros para se aproximar do pelotão bem a tempo da relargada.

Àquela altura, a ordem era Vettel, Kobayashi, Massa, Heidfeld, di Resta, Webber e Schumacher.

As 30 voltas restantes foram eletrizantes.

Tivemos belas brigas entre di Resta, Heidfeld, Schumacher e Webber, e entre Kobayashi e Massa, sendo que todos os pilotos estavam defendendo suas posições com muita competência e qualidade.

Depois de um tempo, Heidfeld passou di Resta e depois foi ultrapassado por Schumacher, que parecia correr em outra categoria dada a inacreditável velocidade de sua Mercedes na pista úmida.

Tanto que na volta 52 o alemão chegou na dupla Kobayashi-Massa e aproveitou uma tentativa de bote do brasileiro para protagonizar a mais bela ultrapassagem do ano – papando os dois de uma só vez. Foi de encher os olhos.

Com Schumacher agora em 2º, percebemos que havia outro piloto muito rápido na pista – Jenson Button – que àquela altura estava tirando tempo até de Vettel, que corria sozinho lá na frente.

E aí o Heidfeld tocou na traseira de Kobayashi e perdeu sua asa dianteira, que se desintegrou e encheu a pista de pedaços de carro. E lá vinha o safety car mais uma vez.

A ordem: Vettel (sempre ele), Schumacher, Webber e Button.

E, a 10 voltas do final, houve a re-largada.

Enquanto Vettel acelerava, a briga entre os 3 pretendentes a 2º lugar era intensa.

Schumacher defendia sua posição enquanto possível, mas tanto Webber quanto Button tinham acesso à insuportável ASA MÓVEL.

Webber abusou do recurso e perdeu o ponto de freada da chicane ao tentar ultrapassar o alemão, o que permitiu que Button o relegasse ao quarto lugar. Depois foi a vez de Button usar os km/h a mais que a asa oferece para passar por Schumacher como se ele estivesse parado.

Com isso, a ordem agora era Vettel, Button, Schumacher e Webber, e tínhamos apenas 5 voltas até o final da corrida.

Na antepenúltima volta, Webber finalmente conseguiu passar Schumacher e tirá-lo de um merecido pódio, mas seu companheiro de equipe, Sebastian Vettel, mantinha a corrida sob controle, com Button se aproximando, mas sem chance real de ultrapassagem.

E depois veio a última volta.

Vettel errou uma curva, espalhou e quase perdeu o carro de vez, mas conseguiu voltar à pista. Só que atrás de Button, que após TUDO que havia acontecido com ele durante a interminável prova, recebia a vitória no colo a meia volta do final.

Impossível não pensar no J.R. Hildebrand, que havia perdido as 500 Milhas de Indianápolis também na última volta, há apenas duas semanas.

Foi uma corrida com “C” maiúsculo e vou guardá-la nos meus arquivos durante um bom tempo. Obrigado, Rede Globo, por ter me obrigado a baixá-la.

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