segunda-feira, 16 de abril de 2012

A REALIDADE QUE MOVE MONTANHAS


Comprei um livro neste fim de semana que eu estava namorando há tempos – “The Magic of Reality: How We Know What’s Really True” (em português "A Magia da Realidade", publicado pela Companhia das Letras.)

Para quem não sabe, é um esforço conjunto do Richard Dawkins – o evolucionista e biólogo britânico que todo mundo cisma em rotular meramente de “o ateu mais famoso do mundo” – e do ilustrador Dave McKean – criador das espetaculares capas da série de histórias em quadrinhos Sandman.

O livro é voltado para o publico juvenil e simplesmente explica as coisas à nossa volta de maneira clara e didática, mostrando o quanto é desnecessário recorrer a teorias etéreas e divinas para entender o motivo da vida, do universo e tudo mais.

É um livro delicioso de ler, e a experiência se torna ainda mais especial graças ao incrível talento artístico do McKean.

Aos que querem se livrar de dogmas e dos ferrolhos da fé cega, “A Magia da Realidade” é um belíssimo abridor de portas. Leiam.

Com certeza, isso deveria ser parte obrigatória de qualquer currículo escolar que se preze.

domingo, 15 de abril de 2012

F1 2012 - GP DA CHINA

Em um evento de 2011, Nico Rosberg pilotou a Mercedes que era de
Juan Manuel Fangio. Mal imaginava ele na época que caberia ao jovem
piloto
alemão levar a equipe de volta às vitórias 56 anos depois.


Nico Rosberg levou a Mercedes à pole e depois seguiu para ganhar praticamente de ponta a ponta o Grande Prêmio da China na magrugada de domingo.

Costumo dizer que, para fazer com que você assista a uma corrida às 4 da manhã, o mínimo que a prova tem que ser é interessante, divertida, memorável.

Pois o GP da China não foi uma boa corrida. Muito pelo contrário, guardou todas as brigas e ultrapassagens para as últimas voltas e foi definida muito mais na base da estratégia do que de disuptas na pista. Mas foi memorável pelo resultado. Foi a primeira vez desde o GP da Itália de 1955 que a equipe Mercedes ganhou uma corrida de Fórmula-1.

Naquela ocasião, Juan Manuel Fangio fez a pole e venceu a corrida, no que seria a última participação das flechas de prata da categoria até 2010, e a Fórmula-1 precisou esperar exatos 56 anos, 7 meses e 4 dias para que isso ocorresse novamente.

Além disso, com a vitória, Rosberg se junta a um clube exclusivíssimo – o dos pais e filhos vitoriososo na Fórmula-1. Antes dele, apenas dois filhos de pilotos vencedores conseguiram replicar as vitórias de seus pais nas pistas – Damon Hill (filho de Graham Hill) e Jacques Villeneuve (filho do lendário Gilles).

Bacana o resultado, mas pena a corrida ter sido tão morna. Ela prometia ser interessante, especialmente depois que o segundo lugar no grid Lewis Hamilton foi punido pela troca de sua caixa de câmbio, tendo que largar em sétimo.

Isso fez com que tivéssemos uma primeira fila da Mercedes e, com Rosberg e Schumacher mantendo suas posições após a largada, a grande questão se tornou adivinhar o momento em que os carros prateados começariam a perder rendimento e deixar quem estava atrás passar para estabelecer a ordem natural das coisas.

Mas fora o abandono de Schumacher (por um erro da equipe durante sua parada), a Mercedes se manteve rápida pela prova toda e, de verdade, não deu muitas chances aos outros competidores.

As McLaren andaram bem e, não fosse a punição de Hamilton e um erro grotesco da equipe durante o pit-stop de Button, quem sabe o resultado não teria sido outro.

As Lotus estavam velozes, com Raikkonen fazendo boa corrida e tentando uma estratégia que poderia ter dado certo, mas que acabou dando errado. Todo mundo achava que o finlandês pararia mais uma vez para trocar seus pneus na etapa final da corrida, mas de repente ficou claro que ele não iria fazer isso.

Àquela altura, ele estava num surpreendente segundo lugar, rebocando uma fila que tinha Vettel, Button, Hamilton e Webber. O finalndês suportou o ataque de Vettel durante quase 10 voltas, mas aí seus pneus ficaram com a aderência de um Band-Aid ensopado e todo mundo passou, fazendo com que ele terminasse num melancólico 14º lugar. Se eu fosse ele, naquele ponto teria entrado nos boxes e feito uma troca, só para poder voltar e fazer a volta mais rápida. Mas eu sou eu, não ele.

Falei do Vettel e, apesar da Red Bull estar a uma boa distância dos carrões que tinha nos últimos anos, a equipe austríaca ainda não pode ser considerada carta fora do baralho. Webber terminou em 4º, logo à frente de Vettel, e ambos fizeram corridas combativas e aguerridas – vale lembrar que Vettel largou lá atrás em 12º.

A Ferrari, única equipe que corre com um só piloto, fez o que pôde com um carro fraco e claramente inferior aos demais. Li na revista AutoSprint italiana, se não me engano, que há um tal de Felipe Massa correndo pela equipe também, mas isso não se reflete nas pistas e nem na pontuação do campeonato. De todas as equipes, menos as do chamado "pelotão bost", só Massa não conseguiu ainda marcar um único ponto. Pensando que Alonso pontuou em todas as corridas e tem até vitória, o desempenho de Massa é inadmissível e, como disse na última corrida, não é o tipo de situação que a Casa di Maranello costuma tratar com paciência e compreensão (lembre-se que os caras já tiveram a manha de despedir o PROST).

A sensação da última corrida, Sergio Perez, não conseguiu replicar sua brilhante atualção nesta prova, mas correu bem e protagonizou um dos poucos momentos tensos da prova ao quase tocar rodas com seu companheiro Kamui Kobayashi a 300km/h na reta. O “quase” foi providencial para evitar um desastre.

Aí o que resta, então, é fazer uma análise do que esta temporada ainda tem pela frente e tentar arriscar algum prognóstico.
• Tivemos 3 vitórias de 3 equipes diferentes – McLaren, Ferrari e Mercedes (quase tivemos uma da Sauber)
• O líder do campeonato é o Hamilton, que não ganhou nenhuma delas, chegando em 3º nas 3 corridas.
• A equipe bicho-papão do ano passado Red Bull conseguiu um único pódio até agora – o 2º lugar de Vettel na prova inaugural.
• Com 17 pilotos pontuando nas primeiras 3 provas, só as equipes nanicas – e Felipe Massa – não entraram na zona de pontuação até agora, demonstrando que a categoria parece estar muito mais equilibrada do que em anos anteriores.

Vamos ver o que acontece, porque tudo ainda parece estar meio embaçado na bola de cristal para 2012. Mas se tiver que jogar minhas fichas em alguém, seria na McLaren. E se eu tivesse que optar entre os pilotos, apesar de ser descaradamente fã do estilo inteligente do Button, o Hamilton me parece ter reencontrado uma constância e equilíbrio que eu não via desde aquela sua impressionante temporada de estreia na Fórmula-1. Enfim, o tempo dirá.

Agora, vamos (se é que vamos mesmo) para o Bahrein, onde os protestos populares e a instabilidade política continuam se agravando a cada novo dia. Sou apaixonado pela Fórmula-1, e a ideia de uma prova a menos na temporada evidentemente me causa tristeza. Mas cá entre nós, com mensagens de boas-vindas tão diretas como a de baixo espalhadas por todo o país, será que realmente vale a pena correr o risco?

quarta-feira, 28 de março de 2012

MILTON FERNANDES


Quando eu era adolescente, lembro que meu pai tinha a ideia de lançar um livro com textos em inglês traduzidos literalmente para o português, ao pé da letra.

O livro era para se chamar "English at the Foot of the Letter" e traria expressões e frases célebres inglesas, traduzidas literalmente para o português, sem o menor cuidado com o contexto da frase. Eu achava a ideia bacana e tinha certeza de que o resultado traria várias horas de diversão, mas o livro acabou ficando só no projeto.

Aí, alguns anos depois, acabei esbarrando no livro que ilustra este post e comprei na hora. Ele tinha exatamente a mesma proposta do projeto do meu pai e o resultado foi, de fato, divertidíssimo.

Com expressões típicas brasileiras como "To whirl the old woman from Bahia" (rodar a baiana) ou "I didn't nail the eye" (não preguei o olho), a vontade de sair ensinando essas expressões para meus amigos gringos como se fossem as expressões de verdade era quase incontrolável.

Mas não deu pra deixar de sentir uma ponta de inveja ao ter visto alguém lançando a "nossa" ideia antes. E o que de certa forma fez com que essa inveja ficasse menos amarga foi o fato de que não foi um cara qualquer que tinha escrito o livro, mas sim um dos monstros da literatura no Brasil - Millôr Fernandes.

Hoje, perdemos este genial escritor, jornalista, roteirista, ilustrador e mestre em tantas outras áreas. É um dia de luto a todos que dão valor a um bom texto, a frases memoráveis, comentários carregados de irona e palavras sinceras, escritas sem medo e sem concessões.

Ao saber da morte do Millôr, me veio à cabeça uma história que ouvi há muitos anos e que, para mim, justificava a forma peculiar e divertida com a qual ele sempre encarou a vida.

Ele nasceu em 1927 e seu pai foi imediatamente até o cartório para registrá-lo com o nome Milton Viola Fernandes. Mas o tabelião aparentemente não primava pelo esmero caligráfico e provavelmente estava com uma pressa danada para ir para casa. Como resultado, ao escrever o nome "Milton", o corte do "t" saiu à direita, acima do "o" e mais parecendo um acento circunflexo, e o "n" ficou pela metade, se confundindo com um "r".

Resultado: o pai saiu da maternidade para registrar seu filho Milton e voltou com a certidão do seu filho Millôr. Não sei o que minha esposa faria comigo se eu fizesse isso, mas o simples fato do Millôr ter transformado esse erro de cartório em uma marca registrada que carregou pela vida toda mostra muito bem o tipo de pessoa iluminada que ele era.

Definitivamente, vai fazer falta.

P.S. Falando ainda das traduções literais, não sei se hoje o livro do meu pai ou o do Millôr fariam tanto sucesso, porque o Google Translate faz isso com maestria - e faz levando a sério. Quando alguém sem noções básicas de inglês o utiliza para fazer uma tradução, o resultado acaba superando qualquer obra de humor. Nem o mais genial dos humoristas conseguiria chegar ao "twisted Wednesday" que o glorioso time de futebol amazonense Fast publicou na versão em inglês do seu site. Aos curiosos, a explicação está aqui.

domingo, 25 de março de 2012

F1 2012 - GP DA MALÁSIA

Alonso dá um merecido abraço em Sergio Perez, piloto da Sauber
que tinha tudo para ganhar o GP da Malásia de 2012. Tudo menos
a sorte quase sobrenatural de Fernando Alonso...



E uma semaninha após o GP inaugural da temporada, lá vamos nós para mais uma prova de horário ingrato – 5h00 da matina. Urgh.

Mas, horário ruim ou não, lá estávamos nós sentados diligentemente esperando pelo início da prova na Malásia. Como na corrida da Austrália, as McLaren dominaram e Hamilton fazia sua segunda pole consecutiva, seguido por Jenson Button, ganhador da primeira prova.

Atrás deles, o bom e velho Michael Schumacher, seguido por Mark Webber, que só não era seguido por Kimi Raikkonen porque o finlandês tinha sido penalizado em 5 posições no grid por trocar sua caixa de câmbio.

Assim, atrás de Webber, vinham Vettel, Grosjean, Rosberg e Alonso. Para quem não estava contando, o Alonso largava em oitavo. Atrás dele, largava um tal de Sergio Perez.

A corrida começou com pista molhada e todo mundo com a obrigatoriedade de largar com pneus intermediários ou para chuva. Na largada, o duo da McLaren seguiu sem incidentes enquanto Schumacher e Grosjean se tocavam e eram obrigados a ir para os boxes.

As condições da pista eram estranhas, porque certas áreas pareciam secas e outras um lago artificial no meio da pista, o que tornava a escolha dos pneus um tanto complicada para os pilotos. Mas, por um lado, essa escolha ficou bem mais simples quando começou a chover forte. Na volta 5, todo mundo parou para trocar seus intermediários para pneus de pista encharcada. O primeiro a fazer isso, diga-se de passagem, foi o tal do Sergio Perez.

Com isso, no final da primeira rodada de paradas, a ordem era: Hamilton, Button, PEREZ, Webber e Alonso.

O aguaceiro era tanto que lá veio nosso bom e velho Buzz Maylander, pilotando sua Mercedes em forma de Safety Car pela segunda vez consecutiva na temporada.

E não demorou para a direção de prova decidir que seria mais prudente parar a prova para esperar a chuva dar uma aliviada. E isso acabou ocasionando o momento mais angustiante da prova.

Ao longo de uma hora com a prova interrompida, tivemos que ouvir Galvão Bueno falando sobre assuntos que variaram de Chico Anysio a 40 anos de transmissão da Globo da Fórmula 1, tudo envolvido por uma necessidade quase patológica do apresentador de explicar cada piadinha que estava fazendo.

Tipo “Acho que é essa chuva que o Bernie queria quando mudou o horário do GP da Malásia... veja bem, não é que eu esteja dizendo que é isso mesmo, estou usando BOM HUMOR, entendem?”

O locutor deve ter dito as palavras “bom humor” umas 329 vezes ao longo da prova, e curiosamente o resultado disso era proporcionalmente inverso – cada vez que ele dizia, a gente ficava um pouco mais mal humorado.

E ainda fomos brindados com outra pérola do genial Galvão Bueno: “Fórmula 1 à parte, a stock car brasileira é, COM CERTEZA, a categoria com maior nível de pilotagem em todo o mundo”. Vindo do pai de um cara que é tetracampeão na categoria, acho que podemos questionar a veracidade do comentário?

Em todo caso, a angústia uma hora parou e tivemos a relargada. Com a saída do Safety Car, Button imediatamente parou para fazer sua troca de pneus e, quando o resto do pelotão fez o mesmo na volta seguinte, dava-se a impressão que o britânico havia “did it again”.

Pena que numa afobação pouco característica do piloto inglês, ele acabou perdendo o aerofólio dianteiro num toque com a Force India de Kathikeyan, sendo obrigado a parar para trocar o bico.

Enquanto isso, na zona que foi as paradas para troca de pneus depois do Safety Car, a classificação de repente mostrava Alonso liderando, seguido por um tal de Perez. Hamilton havia perdido tempo no seu pit-stop e se encontrava em terceiro, longe dos dois à sua frente. Mas, claro, com sua McLaren superior e com a pista secando, ultrapassar a Sauber e depois a Ferrari seria apenas uma questão de tempo.

Só que o tempo passou e Hamilton só se afastava dos dois. E Perez chegava cada vez mais em Alonso.

O mexicano fez uma sucessão de voltas mais rápidas e ia tirando tempo de Alonso de forma constante e ameaçadora.

Aí, quando a pista estava suficientemente seca para tentar correr com slicks (sempre com a ameaça de um CHUVARÉU que estava a duas quadras do circuito), todo esperavam que a McLaren de Hamilton voltasse a render e que o inglês recuperasse o terreno perdido. Além disso, esperava-se que Perez finalmente perderia rendimento e se lembraria que estava pilotando um SAUBER, e não uma Ferrari ou McLaren.

O problema é que esqueceram de informar isso ao Perez, porque quando as trocas para slicks aconteceram, isso em nada alterou o panorama da corrida. Alonso liderava, Perez chegava mais e mais, enquanto Hamilton permanecia lááááá atrás.

Com Perez encostado em Alonso a 6 voltas do final, uma vitória mexicana na F1 parecia uma questão de tempo, mas infelizmente o Alonso tem tanta sorte que às vezes me pergunto se ele não é apenas um piloto medíocre que SEM QUERER acerta a hora de acelerar ou brecar. Porque quando a ultrapassagem estava inevitável, Perez pisou na grama e saiu da pista.

O mexicano da Sauber conseguiu voltar, mas havia perdido contato com o espanhol da Ferrari e, por mais que acelerasse, o máximo que conseguiu foi chegar em segundo lugar, a meros 2 segundos de Alonso. Um pecado.

Lá atrás, boas atuações de Raikkonen e Senna, que chegaram em 5º e 6º, mais problemas envolvendo Karthikeyan, cujo bico custou um pneu furado a Sebastian Vettel, e mais uma péssima prova de Felipe Massa, que, com a vitória de seu companheiro de equipe, corre sérios riscos de perder essa vaga na Ferrari antes do que imagina.

Palpite? Acho que Massa não termina esta temporada, e vejo Perez no seu lugar dentro de poucas provas. Só um palpite, mas lembrem-se de mim quando rolar.

Outro momento curioso, como apontou meu caro progenitor Dirk Brown, foi a estranha comunicação de rádio entre a Red Bull e Vettel na última volta, em que eles ora pediam para que o alemão parasse imediatamente, ora mandavam seguir até a bandeirada.

O mais curioso disso tudo? A afirmação da Red Bull de que ela havia perdido comunicação via rádio com Vettel no decorrer da corrida e que tinha recorrido às placas para informar o alemão do que estava acontecendo na prova. Se isso era verdade, o que é que foram as desesperadas orientações por rádio realizadas na última volta? Hmmm...

sábado, 24 de março de 2012

F1 2012 - GP DA AUSTRÁLIA

De acordo com Charles Darwin, o bico de pato e baixa velocidade da nova
Ferrari nada mais é do que uma evolução natural da espécie. A equipe de
Maranello vem tendo uma temporada ruim atrás da outra e parece
estar se especializando em conseguir piorar ainda mais a cada novo ano.


E começou mais uma temporada de Fórmula 1, a de número 62.

Depois de dois anos de domínio absoluto da Red Bull (e um de domínio absoluto do Vettel), os treinos da pré-temporada indicavam que haveria algum equilíbrio em 2012.

O regulamento obrigava os carros a terem um bico mais baixo, o que criou uma legião de horríveis carros-ornintorrinco, com seus bicos mais baixos que a estrutura do carro e um ar meio remendado. As apresentações de começo de temporada foram um verdadeiro show de horror e os carros pareciam ter sido montados com peças Lego.

Mas um carro que não cedeu ao efeito ornintorrinco foi a McLaren, que veio com um bico bonito e linear, argumentando que o projeto do seu carro em anos anteriores sempre havia sido mais baixo do que os outros, o que permitiu que a equipe de Woking não precisasse rever todo o design do carro para baixar o seu bico.

Ficou bonito, mas era um cisne em meio a patinhos feios. E, como se sabe, quando um único indivíduo nada contra a maré, ou ele acerta em cheio ou ele fica em último.

E a classificação mostrou que a tendência é que a McLaren tenha acertado. Hamilton pole, Button em segundo. Foi a primeira vez que isso aconteceu desde o GP da Europa em 2009, com Hamilton de novo na pole, mas com Heikki Kovalainen em segundo.

E já que estamos falando sobre finlandeses, tínhamos também outra presença ilustre no grid – Kimi Raikkonen, que voltava de sua aventura no Rali e assumia a Lotus preta (ex-Renault). Com isso, o número de campeões em atividade subiu para 6 neste ano – Schumacher, Alonso, Vettel, Raikkonen, Hamilton e Button. Promessa de bons pegas.

Riakkonen, por sinal, largava lááááááá atrás porque a Lotus errou a hora de mandá-lo sair para a pista para fazer seu tempo no Q3 e, por alguns segundos, o finlandês perdeu a chance de fazer um tempo que o elevasse ao Q2.

O grid de largada da primeira prova do ano ficou assim:


Com Fernando Alonso em 12º e Felipe Massa em 16º, a Ferrari deu claros sinais de que este vai ser um ano para esquecer. O problema é que ele acaba de começar, então DÁ-LHE CALVÁRIO na equipe de Maranello.

A Red Bull mostrou que evidentemente não tem o carro dos anos passados (ao menos não por enquanto) e os dois pilotos da equipe simplesmente não conseguiram acompanhar as McLaren.

A Mercedes, em clara evolução, parece ter desenvolvido um carro que pode render vitórias. E Schumacher parece ter finalmente se habituado de volta à Fórmula-1 com uma ótima posição de largada.

Enfim, quando deu-se a largada. Hamilton não largou mal, mas Button largou melhor, e assumiu a ponta logo na primeira curva. Schumacher largou bem e assumiu a terceira posição de Grosjean, companheiro de Raikkonen na Lotus.

A corrida do francês duraria pouco e ele foi ablaroado por Pastor Maldonado, sendo obrigado a abandonar a prova.

As duas McLaren abriam na frente e Schumacher seguia à distância, até que o alemão abandonou na volta 11, com problemas de câmbio.

Depois da primeira rodada de paradas, a ordem era Button, Hamilton, Vettel, Alonso, Rosberg, Webber, Maldonado, Massa e Raikkonen.

Maldonado, com a Williams que era de Barrichello no ano passado, mostrava que talvez a equipe de Grove tinha acertado o modelo para este ano. O venezuelano corria bem e se aproximava do pelotão à frente, trazendo com ele Raikkonen. Pelo histórico, imagino que a Williams vai fazer bonito neste ano – o Barrichello tem o talento ímpar de estar no lugar certo, na hora errada.

Enfim, embora bons pegas lá e acolá, a corrida estava mais ou menos desenhada, com Button na frente e Hamilton atrás. Na volta 35, começaram a segunda rodada de paradas, com Felipe Massa, seguido por Button e Hamilton.

E aí, duas voltas depois, entrou o Safety Car, graças a uma parada no Vitaly Petrov, agora na Caterham (antiga Lotus verde).

O resultado foi que todo mundo correu para os boxes e isso acabou sendo prejudicial para Lewis Hamilton, que de repente se via atrás de Sebastian Vettel.

Antes da relargada, a ordem era: Button, Vettel, Hamilton, Webber, Alonso, Maldonado, Perez, Rosberg e Raikkonen.

Na 42ª volta, o Safety Car voltou para os boxes e a corrida pôde recomeçar, sem incidentes, sem ultrapassagens e consolidando o que viria ser o resultado final da prova.

Um curioso toque aconteceu na volta 47 entre Bruno Senna e Felipe Massa, causando o abandono dos pilotos da Ferrari e da Williams.

Curiosamente, lá na frente, brigavam os seus companheiros de equipe, Alonso e Maldonado. Para a alegria de ambos (pelo menos naquela hora) não houve toques entre os dois.

Hamilton tentava chegar em Vettel e a percepção geral da prova era que alguma coisa iria acontecer uma hora ou outra. Porque estava todo mundo meio embolado, cortesia do Safety Car.

E o que aconteceu foi uma rodada de Maldonado na última volta, enquanto ele tentava ultrapassar Alonso de tudo quanto é jeito. Foi uma porrada espetacular, mas sem consequências mais sérias para o venezuelano. O problema é que o lixo que ele deixou na pista decorrente de sua Williams em desintegração acabou prejudicando quem vinha atrás e tirando Nico Rosberg da prova.

Resultado: Button leva a primeira do ano. Vamos ver mais algumas provinhas antes de fazer previsões, né?

quinta-feira, 22 de março de 2012

JOGA ISSO FORA LÁ NA PAREDE DA SALA

"Muito bonito seu quadro... mas e se a gente tacasse fogo?"


Algumas coisas são inéditas não pelo fato de ninguém ter pensado nelas antes, mas porque simplesmente não havia motivo nenhum para fazê-las. É como criar uma banda de Death Metal para tocar apenas músicas do Menudo. Não tem por quê.


O mesmo vale para a artista Valerie Hegarty, que é uma artista talentosa, mas que levou sua arte por um caminho nunca antes percorrido: ela recria telas de pintores famosos e depois as destrói meticulosamente, simulando queimaduras, bolor, rasgos e afins.


Não consigo pensar em alguém que pague para ter um quadro TOTALMENTE DESTRUIDO na sua sala de estar, mas a mulher tem lá sua legião de fãs que a consideram brilhante, então quem sou eu pra contestar...


É triste pensar que, apesar de ela ter levado anos de estudo e pesquisa até aperfeiçoar a peculiar técnica de reduzir as mais belas obras de arte a um pedaço de bosta, ela poderia ter se poupado de tudo isso utilizando uma técnica muito mais simples e igualmente eficiente para obter os mesmos resultados: ter filhos.

Seguem algumas das obras da moça:







sábado, 17 de março de 2012

F1 2011 - GP DO BRASIL

As voltas de apresentação de Nelson Piquet pilotando a Brabham que
lhe deu o primeiro título mundial foram o ápice da corrida de Interlagos.
Pena que este ápice aconteceu ANTES da corrida em si começar...


Muita gente deve ter achado – com uma boa dose de pertinência – que abandonei este blog. O fato é que o fim do ano passado e o começo deste foram incrivelmente carregados e tensos em virtude de um aumento brutal na minha carga de trabalho. Tive que fazer uma escolha, e o blog ficou para o segundo plano.

Mas como me lembra meu caríssimo Malcolm Macdonald, fiquei devendo uma resenha para o GP do Brasil, que aconteceu lá em novembro do ano passado.

Claro que não faz a menor diferença postar algo sobre isso agora, mas conceitualmente não posso começar uma nova temporada sem terminar a anterior. Então vamos lá.

De verdade, a única coisa realmente bacana do GP de Interlagos foi a exibição que o Nelson Piquet fez com a Brabham de 1981. Foi de arrepiar estar em Interlagos vendo o Piquet acelerando o carro branco e azul que o deu seu primeiro campeonato mundial. Especialmente quando ele ostentou a bandeira do Vasco, na época brigando pelo Campeonato Brasileiro. Foi um gesto tipicamente Piquet – transformar uma homenagem emocional em uma alfinetada aos torcedores corinthianos em pleno autódromo de São Paulo. The man.

Aí veio a corrida. E ela é muito simples de resumir: a Red Bull tem o melhor carro, o Vettel é o melhor piloto, o Webber não tinha ganho nenhuma prova na temporada, então o líder Vettel deixou o Webber passar para conseguir sua única vitória de 2011.

Foi isso. O Vettel alegou problemas de câmbio, mas até aí...

Quem assistiu à corrida em casa deve ter tido a sensação de que a chuva viria a qualquer hora – graças aos comentários do profeta Galvão Bueno – mas a verdade é que o céu de Interlagos nunca se escureceu de verdade, e a chuva simplesmente não ia cair.

Então a corrida se resumiu a um acidente entre Bruno Senna e Michael Schumacher, que tirou o alemão da briga pelo pódio, um abandono do Hamilton por problemas da caixa de câmbio, mais um pódio do Button, que terminou em terceiro e garantu o vice-campeonato, e foi mais ou menos isso de relevante que aconteceu no GP do Brasil.

Massa terminou em 5º, atrás de Alonso, consolidando o que foi a pior temporada de um piloto da Ferrari desde 1981, com a expressiva marca de ZERO pódios.

Ficamos sabendo depois, também, que teríamos a volta de Kimi Raikkonen às pistas, pela Lotus, e que esta havia sido a última corrida na F1 de Rubens Barrichello.

Devo admitir que vai ser chato ter que achar alguém para aporrinhar agora que o eterno número 2 se aposentou...