Alonso, desolado após a perda do título, brigou com Vitaly Petrov pela inexplicável atitude do russo em defender sua posição durante a corrida. Depois, se recusou em dar os parabéns ao Vettel pela sua conquista. Provavelmente deve estar discutindo com Felipe Massa até agora pelo fato do brasileiro não ter se posicionado mais à frente para ENTREGAR A POSIÇÃO A ELE. E acabou. A Fórmula-1 tem seu mais novo – e jovem – campeão: Sebastian Vettel. O alemão supera por alguns meses a marca de Lewis Hamilton e se sagra campeão aos 23 anos, 4 meses e 11 dias de idade.
Dos 3 pilotos que chegaram a Abu Dhabi com chances reais (o Hamilton precisava de um milagre), o Vettel era o que tinha menos chance. O Alonso tinha 248 pontos, seguido por Webber com 238 e Vettel com 231.
Mas a história começou a mudar na classificação, quando o Webber simplesmente não conseguiu se equiparar ao sue companheiro de Red Bull e largou em quinto, contrastando com a pole do alemão. Alonso largava em terceiro, entre as duas McLaren de Hamilton e Button.
Em miúdos, a situação era a seguinte: Se o Alonso chegasse na frente das Red Bull, seria campeão. Se o Webber ganhasse e o Alonso não chegasse em segundo, o australiano é que seria campeão. Ao Vettel, restava a possibilidade de ganhar a prova e torcer para um fraco desempenho do Alonso – o espanhol teria que terminar abaixo da quarta posição.
Na largada, Vettel se manteve na ponta, seguido por Hamilton. Quem deu o bote para cima do Alonso foi o Button, que ultrapassou o asturiano e garantiu o 3º lugar. Logo na sequência, numa disputa entre Schumacher e Rosberg com Barrichello, sobrou para o heptacampeão, que rodou e foi abalroado pela Force India do Liuzzi. E quem voltava à ativa com isso? Nosso bom e velho
Bernd Maylander com seu SAFETY CAR.
Quem aproveitou a entrada do Safety Car para fazer sua troca foram Nico Rosberg e Vitaly Petrov, e este fato viria a ser importantíssimo no desenrolar da corrida.
Algumas voltas depois, deu-se a relargada e Vettel foi embora, abrindo a cada volta. Com problemas nos pneus, Webber entrou na volta 12 e, quatro voltas depois, entrou o Alonso. Parecia aquelas características jogadas táticas do Jenson Button só que nenhum dos dois era o Jenson Button, então é claro que a jogada daria errado.
Ambos se encontravam em 11º e 12º, enclausurados atrás de um combativo e competente Vitaly Petrov e, à frente dele, o Nico Rosberg (lembre que ambos já havia parado).
Ou seja, as coisas começavam a ficar feias para o espanhol.
Ele tentou de tudo passa ultrapassar o Petrov e deve ter saído da pista umas 418 vezes, não abandonando só porque as áreas de escape do circuito são tão extensas que parece ser IMPOSSÍVEL bater numa parede. Aliás, como é chato este circuito, projetado pelo mau e velho Herman Tilke. Dá até vontade de falar mal do cara de novo, mas seria redundante, uma vez que já fiz isso
aqui.
De qualquer forma, enquanto o Alonso não ultrapassava o Petrov e o Webber não atacava o Alonso, os líderes Vettel e Hamilton paravam para fazer suas trocas, deixando a liderança da prova para o Button. O Vettel voltou em segundo, à frente do Kubica, mas o Hamilton teve o azar de voltar logo atrás do polonês e perdeu suas já remotas chances de retomar o número 1 para sua McLaren. Na quadragésima volta, era a vez do líder Button parar e devolver o primeiro posto para Vettel.
Presos atrás de Petrov, Alonso e Webber nada podiam fazer e o jovem Sebastian Vettel pilotou tranquilamente rumo ao título. Foi a segunda vitória consecutiva do alemão no circuito de Yaz Marina.
Alonso, que tinha que chegar no mínimo em 5º, acabou terminando em 7º e, após um chiliquinho bem DODÓI com o Petrov – que estava meramente defendendo sua posição – ainda cometeu a indelicadeza de não cumprimentar o novo campeão depois da corrida.
Curiosamente, o GP de Abu Dhabi foi a primeira vez em toda a vida que o Vettel liderou um campeonato de F1. Na Malásia deste ano, ele até havia empatado em pontos com o Alonso, mas como o espanhol tinha obtido a vitória dele antes do alemão, tecnicamente ele estava à sua frente.
Abaixo um gráfico chupinhado do site francês
Stats F1 que mostra como foi disputado este campeonato. Confiram como o Vettel só assume a liderança justamente na última etapa da temporada. Cool, hein?
Interessante notar também outra coisa. Todo mundo louvou a atitude da Red Bull de não dar ordens de equipe e permitir uma vitória do Vettel quando o principal concorrente ao título era o Webber. De fato, foi um belo "pito" pra cima da Ferrari, mas na ocasião me peguei pensando se a atitude havia sido inteligente, porque uma troca de posições teria deixado o australiano a apenas um ponto do Alonso.
Pois é. Só que, se tivesse acontecido, a troca de posições teria deixado o campeonato assim:
Alonso: 246
Webber: 245
Vettel: 224
Depois da corrida de hoje, ficaria assim:
Alonso: 252
Webber: 249
Vettel: 249
Ou seja, em vez de festejar o primeiro título do Vettel, teríamos um novo e insuportável tricampeão - o Alonso. A Red Bull ganhou o título de pilotos justamente porque não interferiu na disputa entre Vettel e Webber. Se tivesse feito o “lógico” e ordenado uma troca de posições para dar mais chances ao Webber, teria jogado tudo fora.
Tem uma lição aí, não tem?