terça-feira, 14 de dezembro de 2010

UM POST PARA QUEM GOSTA DE SANGUE E POUCA ROUPA

“Ops! Bom… pelo menos não tá sangrando. Ufa.”



Tenho um problema com o meu próprio sangue: quando me vejo sangrando – geralmente após um corte ou uma bala perdida – costumo passar mal.

Cai a pressão e me sinto como se estivesse prestes a desmaiar. Descobri que isso é mais comum do que eu imaginava, mas, por mais comum que seja, esse tipo de reação tem o potencial de causar constrangimentos memoráveis, como é o caso do relato a seguir.

Faz um tempo já, desci até a garagem do prédio com pressa para não chegar atrasado ao trabalho. Ao descobrir que o carro não ligava, decidi ir trabalhar de taxi e saí enfurecido pela recepção do prédio.

Claro que, nestes casos, o que a gente considera ser um acesso de ira capaz de gelar a espinha de quem tem o infortúnio de cruzar pelo nosso caminho, na realidade é visto por todo mundo com um desagradável misto de dó e inconformismo, geralmente acompanhado por frases do tipo “que cara estressadinho”.

Imagino ter sido este o caso do meu porteiro, que me assistiu passar pela recepção num rompante de fúria, abrir o portão com violência e fechá-lo com toda a força atrás de mim.

O que deve ter tornado o espetáculo ainda mais pitoresco foi o fato de eu ter fechado o portão ANTES de meu pé ter passado pelo vão, o que acabou me fazendo soltar um urro de dor enquanto o portão de metal esmagava meu tornozelo.

Tentando manter a dignidade, continuei pelo meu caminho mancando, enfurecido, fingindo que nada havia acontecido.

Mas logo senti a inconfundível sensação de sangue se alastrando pelo peito do meu pé e percebi que teria que voltar para casa.

Passei humilhado pelo porteiro, que não emitiu uma única palavra, e abri a porta de casa bem no instante que sentia minha pressão cair e um terrível mal estar se manifestando.

De pé na cozinha, comecei a sentir um calor imenso e instintivamente tirei a camisa, na ânsia de que isso me refrescasse um pouco. Aí, com medo de que um eventual desmaio me fizesse bater a cabeça numa quina de mesa, sentei no piso da cozinha.

Aí, percebendo que o sangue poderia vir a manchar minha calça, achei prudente tirá-la. Com dificuldade, consegui, e o mal estar ficava cada vez pior.

Chamei pela Carla com a força que me restava e deitei no chão para ver se a tontura passava. Um instante depois, a Carla entrava na cozinha para saber o que eu queria.

E me encontrou deitado no gélido piso da cozinha, gemendo, só de cueca e com o pé todo vermelho de sangue.

Há meros 5 minutos, ela havia me visto sair pela porta de casa rumo ao trabalho, e agora me encontrava assim, semi-nu e ensanguentado, no chão da cozinha.

Daria uma pequena fortuna para saber o que se passou na cabeça dela nos breves instantes entre ela me descobrir naquele estado lastimável e entender o que de fato havia acontecido, mas ela não se lembra.

Fomos ao pronto-socorro e hoje nem consigo encontrar a cicatriz que ganhei naquele dia. Por outro lado, infelizmente sei que o que a Carla viu ao entrar na cozinha ficará marcada na sua memória para todo o sempre.

Um comentário:

Mark disse...

Hmpf.
Esta história é bem mais patética do que você faz parecer neste post. Deve ter dado um puta trabalho encontrar uma razão lógica para explicar pq vc tava deitado no chão, de lingerie...