sábado, 16 de abril de 2011

UM BALCÃO DE BAR DE FÓRMICA VERMELHA



Meu grande amigo e guru André Sant'Anna me contava do Arrigo Barnabé numa época em que ainda não existia P2P ou YouTube. Entre uma cerveja e outra no "pé sujo", ele cantava alguns trechos da obra do artista e eu achava muito esquisito.

Na hora, imaginei que talvez o André não tivesse lá muito jeito pra coisa, porque os temas musicais que ele cantava me pareciam desconexos, desprovidos de uma linha melódica identificável e, por falta de uma palavra melhor, BIZARROS.

Aí a tecnologia permitiu que eu finalmente ouvisse as músicas que até então eu só conhecia na voz a cappella do André, em especial esta que postei aí em cima - "Diversões Eletrônicas".

Finalmente entendi que o André havia sido, de fato, muito preciso na sua interpretação. Só que a música só fez sentido de verdade para mim quando ouvi todo o resto - o baixo, a guitarra, a bateria, os sopros, os backing vocals, etc.

E, como eu tinha imaginado da primeira vez, a música era mesmo esquisita. Só que era inacreditavelmente awesome.

Complexa, musicalmente instigante, com refrão hipnótico e pesado, uma levada progressiva e um riff que beira o genial, a música é para mim um dos maiores exemplos do talento musical brasileiro, algo delicioso que infelizmente vai acabar sendo degustado por poucos.

Por não ser algo mainstream, a música requer uma certa "boa vontade" para ser digerida, mas uma vez que isso ocorre, a sensação de prazer que ela proporciona é inigualável.

É mais ou menos como o Allan Holdsworth. Você ouve a música pela primeira vez e acha que ele simplesmente jogou um monte de notas no seu ouvido. Aí ouve mais uma vez e começa a entender o que está acontecendo. Depois de um tempo, percebe que chegou ao nirvana.

Genial.

E viva a Música Impopular Brasileira.

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