domingo, 11 de abril de 2010
BECK IS BACK
Hoje tive a oportunidade (e o privilégio) de ouvir o novo disco do genial Jeff Beck – “Emotion & Commotion” e, como tudo que o cara faz, é fuckin’ awesome.
É o primeiro disco dele em 7 anos e conta com participações especiais da Joss Stone e Imelda May, além de uma orquestra. Aos que se interessarem, segue uma rápida resenha das faixas do disco. Aos que não, perdoem pela idolatria e podem mudar de página.
O disco abre com “Corpus Christi Carol”, do Jeff Buckley. Um hino intimista e suave com a característica elegância e feeling do Beck, que começa tocando sozinho e é depois acompanhado pela orquestra. Me lembrou um pouco a “Suspension” do disco “You Had It Coming”.
Esta música emenda com a funkeada “Hammerhead”, que começa com um riff com wah-wah muito Hendrixiano para depois seguir com aqueles rock-fusion que o Jeff fazia nos tempos do Beck, Bogert & Appice.
Já a terceira música – “Never Alone” – é um exemplo do que faz o Jeff Beck ser tudo isso que eu digo que ele é exaustivamente neste blog. Com uma base simples e suave, ele tece uma melodia apaixonante, com sutileza e classe incomparáveis, arrepiando até mesmo os dentrites neurais do ouvinte.
Aí, depois do deleite que é ouvir isso, vem uma versão de estúdio da espetacular rendição de “Somewhere Over The Rainbow” que eu já havia adulado neste post anterior. A versão ao vivo era tão fenomenal que merecia mesmo uma gravação em estúdio, mas confesso que ainda prefiro a versão live, talvez por achá-la mais espontênea. Mas, dito isso, a gravação continua impecável.
Aí vamos á primeira participação especial do disco, na música “I Put A Spell On You”. É um blues com pegada soul, cantado pela musinha do gênero, Joss Stone. Particularmente, nunca tinha gostado muito da Joss Stone, talvez por ter ouvido só os hits mais comercialóides da menina, e achava a voz dela meio “burocrática”. Mas, ao ouvir esta música, fui obrigado a reconhecer o talento dela, porque realmente não parece uma garota suburbana e branca cantando, e sim uma negona cheia de soul. E, além disso, a música conta ainda com o slide nervoso do Beck e mais um solo fenomenal do inglês.
A próxima música, “Serene”, é mais uma brilhante balada no estilo “Two Rivers” do “Guitar Shop”, com um belíssimo trabalho de baixo da ótima Tal Wilkenfeld. De início intimista, a música vai crescendo como um mantra e ganha corpo com a entrada da orquestra, até se tornar um dos momentos mais prazerosos do disco.
Depois vem a segunda música com vocais do disco, “Lilac Wine”, com participação da cantora irlandesa Imleda May. É um balada deliciosa, com intervenções do Beck que me remeteram à versão de “Cry Me A River” que ele gravou junto com a Lulu no espetacular documentário sobre blues do Martin Scorcese (se vocês não assistiram isso ainda, assistam).
Aí mais um momento inesperado do disco – uma versão de “Nessun Dorma” de Puccini. Diferente do nosso bom e velho amigo Yngwie Malmsteen que ADORA gravar versões de clássicos com a guitarra acompanhada por uma orquestra, quando o Beck faz isso, o resultado é maravilhoso e comovente. Ele consegue se equilibrar brilhantemente na fina linha que separa o genial do cafona, só que sempre pendendo pro genial.
Depois, mais uma fantástica participação da Joss Stone em “There’s No Other Me”, uma das músicas mais pesadas do disco, com um groove hipnótico e um vocal gritado e poderoso. Sinceramente não esperava isso dela. Surpreendeu.
E, por fim, o tema do filme “Atonement” – filme concorrente ao Oscar no ano passado – “Elegy For Dunkirk”. Posso estar ficando meio amargo com a idade, mas achei a versão um pouquinho “Hank Marvin” demais, e quase brega. Mas, pensando bem, ele é o Jeff Beck e pode fazer o que bem entende, então isso de nenhuma maneira macula a indiscritível experiência que é ouvir este disco.
Aos que são fãs do Beck como eu, é desnecessário pedir que ouçam porque vocês já devem ter ouvido antes mesmo de ler este post. Mas, aos que não o forem, dêem aos seus ouvidos a chance de descobrir o porquê deste inglezinho chamado Geoffrey Arnold Beck ser reverenciado pelo mundo todo como um dos maiores instrumentistas e músicos de todos os tempos.
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2 comentários:
a capa é uma das melhores dos ultimos anos...
ah...e a frase "uma negona cheia de soul" me lembrou aquela história do seu amigo gritando AXÉEEEEEE no meio dos afro descendentes (ou negoes e negonas no seu linguajar britanico imperialista).
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAAH
Charles e seu linguajar britânico imperialista!!! Muito bom!
É por isso que ele me chama de Africano do Caray.
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