terça-feira, 7 de abril de 2009

WHO WANTS TO LIVE FOREVER?

Li outro dia um artigo sobre uma água-viva que supostamente teria a resposta para a milenar busca pela imortalidade.

O nome do bicho é Turritopsis Nutricula e o que torna este hidrozoário interessante (especialmente em comparação com os outros hidrozoários, que são em sua maioria CHATOS PACARAY) é o fato dele se “rejuvenescer” quando chega ao estágio adulto.

Pra dizer isso de forma mais simples, ele utiliza a transdiferenciação para alterar células diferenciadas em outras células com forma e função diferentes, revertendo-se completamente a um estágio de imaturidade sexual, num ciclo que pode teoricamente se repetir indefinidamente, o que resultaria em uma efetiva imortalidade.

Ou seja: o bicho nasce, se desenvolve e, quando chega á idade adulta, suas células “regridem” até um estágio anterior. Daí, ele evolui até chegar à idade adulta e... suas células regridem de novo até um estágio anterior e por aí vai, ad infinitum.

Claro que se um peixe faminto passar pelo caminho do Turritopsis Nutricula, toda a imortalidade do bicho acaba indo por água abaixo enquanto essas células imortais se dissolvem numa piscina estomacal de suco gástrico. Mas é só nosso amiguinho se manter bem quietinho e em segurança que ele pode acabar batendo o recorde do Raul Seixas, que nasceu há 10.000 anos atrás (sic).

O fato é que esse papo de imortalidade me lembrou de uma conversa que tive há algum tempo, em que deliberávamos sobre os prós e os contras de viver pra sempre.

À primeira vista, o concetio parece muito sedutor, né? Imagina viver pra sempre?

Daria pra fazer tudo que a gente sempre quis, mas que acaba evitando só pelo medo das consequências: comer fritura todo dia, reagir a um assalto, atravessar a rua sem olhar pros dois lados, fazer queda-livre sem para-quedas segurando uma mina terrestre...

Mas, por outro lado, só você seria imortal.

Enquanto você vive saudável, o resto do mundo envelhece e morre. Você vê vidas inteiras passando pela sua frente sem poder interferir no curso do tempo, dando adeus a todos que ama, enquanto segue seu caminho solitário.

Todo mundo cita isso como o grande “porre” de ser imortal. Mas eu acho que é muito pior do que parece.

Ser imortal significa estar aqui dentro de 7,5 bilhões de anos, quando a terra será consumida pelo sol.

Você assiste à agonia de todos (se é que a raça humana dura até lá), talvez até ajude na construção de abrigos, tenta proteger os mortais, mas não existe a possibilidade de vida a mais de 6000oC.

Os oceanos se evaporam, a vida animal e vegetal se extingue, e você aí, firme e forte.

Tudo que existe ao seu redor, todo e qualquer resquício de alguma coisa que algum dia tinha sido parte da sua vida, simplesmente deixa de existir.

Seu próprio planeta é vaporizado, enquanto você só olha e o sol finalmente se extingue e desaparece para sempre.

Você? Fica flutuando no nada... no vazio infinito do universo.. sabendo que nada que você fizer vai mudar o fato de que esse grande nada – e nada mais – é tudo que você terá para toda a eternidade.

Pois é. É o preço que se paga pela imortalidade.

Taí uma ideia pra um conto de terror dos mais apavorantes, um em que levamos aquele pavor de ser enterrado vivo a extremos jamais antes visitados. Um conto que mostra como aquilo que mais desejamos pode se tornar nossa maior maldição e de como não existe nada mais próximo do inferno do que nossa própria vida.

Filosófico pra cacete, né não?

Só sei que se o Stephen King publicar algo nessa linha, eu processo.


Esta Turriptopsis Nutricula alega ter sido
ela mesma em uma vida anterior.

2 comentários:

Unknown disse...

Bem filosofico mesmo. Me fez lembrar em uma das histórias do livro "Fábulasdo tempo e da eternidade" de Cristia Lasaitis. A história tem uma pegada parecida com essa. Vou ver se arrumo pra vc ler um dia desses.
Mas voltando ao tópico da geleca-autoregenerante, é um tanto quanto assustador imaginar que essencialmente estes bichos podem viver pra sempre.
Presumo que eles devam se reproduzir quando chegam no estágio adulto. Eles tem uma pá de filhotes que por sua vez se reproduzem e assim por diante. O problema é que a não ser que existam peixes famintos os suficiente, eventualmente, esses bichos se tornariam os únicos seres vivos do oceano. Imagina vc surfar num mar de geleinhas imortais?

Mark disse...

Então... Acredito que você queira comer fritura todo dia, mas reagir a um assalto, atravessar a rua sem olhar pros dois lados, fazer queda-livre sem para-quedas segurando uma mina terrestre... GIVE ME A BREAK.
VERIFICAÇÃO DE PALAVRAS: khapa