quarta-feira, 8 de abril de 2009

UMA LIÇÃO DE VIDA COM BASHIR


Acabo de assistir a “Uma Valsa com Bashir”, uma espécie de documentário em animação dirigido pelo Ari Folman, que tem como tema central a invasão israelense do Líbano em 1982.

A direção de arte do filme é de uma beleza singular, mesclando cenários hiper-realistas com uma animação mais retrô, causando um impacto visual que não para de impressionar.

O filme conta como Folman, um dos participantes da invasão israelense, não consegue se lembrar de praticamente nada relacionado ao evento. Ele decide partir em busca de respostas e informações que o ajudem a trazer de volta as memórias que, por algum motivo, sua mente decidiu bloquear. E as encontra.

Pra resumir sem estragar o filme, nessa invasão israelense, houve um massacre de civis palestinos nas cidades de Shabra e Shatila, orquestrado or um grupo cristão, aliado de Israel.

Quando acabou o filme, fiquei parado uns bons 5 minutos incapaz de me mexer, só olhando para a tela vazia da televisão.

Me senti, literalmente, ferido.

O estranho é que tudo que o filme mostra a gente já está cansado de saber que acontece mesmo. Shabra e Shatila não foram as primeiras e nem serão as últimas cidades em que crianças, mulheres e idosos são sumariamente executados.

Mas a maestria com que o Folman tece as cenas finais do filme – surpreendendo o expectador de forma que ele não consiga mais se esconder por trás do confortante véu de que isso é “só um filme” – é de um brilhantismo singular. Se você ainda não assistiu, assista.

O filme me fez pensar nos meus filhos, que felizmente dormiam tranquilos, protegidos e felizes, a poucos metros de onde eu estava. Já as mães retratadas no final do filme não tiveram esta sorte e, ao perceber isso, senti um gosto amargo na boca.

É por isso que não tem a habitual piadinha ou bobagem neste post.

Mas cabe uma rápida análise do filme: um massacre de civis palestinos orquestrado por um grupo cristão, aliado de Israel.

Não precisa ser um Einstein pra perceber que existe um denominador comum entre os três pivôs deste desastre. E é nada mais, nada menos do que a boa e velha RELIGIÃO.

Sem querer ir contra a fé de ninguém, vocês já repararam como o fato de acreditar nessa tal “vontade de deus” foi o que possibilitou que tivéssemos alguns dos mais gloriosos momentos da humanidade? Tipo as cruzadas, a inquisição, o holocausto, as infitadas... cada uma com seu deus, sua fé, suas justificativas.

Sabe de uma coisa? Acho que o que falta no mundo é gente que tenha assistido ZEITGEIST.

Se você é uma dessa pessoas, me fale. Eu dou o caminho das pedras, eu ajudo a baixar, eu arranjo as legendas... me peça, mas ASSISTA. Quem sabe você não começa a rever alguns conceitos?

Enfim, antes de tornar este post numa discussão religiosa, queria dar os parabéns ao Ari Folman por ter tido a coragem de ir atrás das memórias que se perderam, mostrando que aqueles números e estatísticas que cansamos de ver sobre o Oriente Médio nos jornais e tv são, de fato, notícias sobre gente de verdade.. gente como a gente.

Um comentário:

Mark disse...

Nope. I really, really, really tried, but I cannot come up with a comment for this post. I am truly sorry.
VERIFICAÇAO DE PALAVRAS: huntsyna