domingo, 31 de maio de 2009

AS VALIOSAS LIÇÕES QUE PODEMOS APRENDER COM UM PROFESSOR UNIVERSITÁRIO, UM NAZISTA ZUMBI E UM MUSICAL DOS ANOS 70


Após uma semana pra lá de tumultuada, consegui achar um tempo (a.k.a. fim de semana) pra postar algo.

Aliás, aproveitei também para assistir algo, um filme alemão que queria ver desde seu lançamento há algumas semanas – Die Welle (ou A Onda).

Numa casca de noz, o filme é um remake alemão de um outro filme norte-americano chamado The Wave, no qual um professor demonstra a anatomia de um estado autocrático de forma prática, sem que os alunos se deem conta do que está acontecendo.

Em outras palavras, por meio de uma espécie de jogo, ele utiliza os métodos empregados por sistemas fascistas como a Alemanha nazista para trasnformar meros alunos em um grupo quase paramilitar, com a disciplina e “orgulho” pelo grupo como fatores motivacionais.

O filme original (e, consequentemente a refilmagem) é baseado numa história real. Algo parecido aconteceu em Palo Alto, na Califórnia em 1967 e, antes de cansar os que só estão lendo para saber se o filme vale ou não a pena assistir, quem quiser saber mais sobre essa interessante – e trágica – história, encontra um resumo aqui.

Mas quanto ao filme, assistam sim. Vale a pena.

Claro que rolam os habituais clichés, mas acho que o filme vale porque mostra como esse tipo de coisa pode acontecer de novo, só que mostra de forma dissociada àquela boa e velha explicação que a gente aprendeu na escola sobre as “causas que levaram à acensão de Hitler”.

A noção de que Hitler só tomou o poder por uma “série de condições específicas que permitiram isso” é real até a segunda página. A situação precária do povo alemão, a sensação de humilhação pós-Versalhes e a hiperinflação foram, sim, o pano de fundo. Mas o que possibilitou, de verdade, a vitória de Hitler foi a natureza humana. Num cenário hostil, todo mundo quer estar amparado por companheiros que pensam de forma parecida, defendem os mesmos ideais, lutam contra os mesmos adversários... a união faz a força.

O filme mostra, de forma simples e eficiente, como é relativamente “fácil” fazer o que o estadista austríaco fez e como seria simples fazer de novo. Nessas horas sempre vem à tona a boa e velha frase do George Santayana: "aqueles que se esquecem do passado estão condenados a repetí-lo". Parece que a gente cisma em esquecer isso.

Assistir ao Die Welle me lembrou um livro que li há uns bons 20 anos chamado Blood Tide, de um tal Saul Werneck (pesquisando no Google, achei a capinha original! Deve ter sido a única edição do livro...) No livro, um oficial nazista é morto enquanto participa de uma missão secreta na costa dos EUA, no começo dos anos 40. Décadas depois, um policial americano encontra o bracelete que havia sido do nazista e é “possuido” por ele. A ideia do livro é uma grande bobagem, mas a gente acompanha o dia-a-dia do cara à medida que ele transforma a sua tropa numa espécie de Sturmabeilung e vai tomando a cidade.

Enfim, é meio trash, mas, se tiverem tempo, tentem achar o livro e leiam sem esperar muita coisa. De positivo, ele tem o valor de fazer a gente entender que esse tipo de coisa pode acontecer de novo em qualquer época, em qualquer lugar.

Mas, se estiver faltando tempo para ler o livro todo, tentem arranjar duas horinhas para assistir ao Die Welle, lembrando de que ele é baseado numa história real, que aconteceu justamente no país que foi o grande GANHADOR da Primeira Guerra Mundial: os U.S. of A (se é que pode-se dizer que uma guerra tem ganhadores...)

Agora, se você não tem nem 5 minutinhos para perder, postei um clipezinho do monumental filme Cabaret, de 1972, que se passa justamente na Alemanha durante a acensão do nazismo. É uma cena belíssima, e altamente perturbadora quando nos damos conta de que ela não tem absolutamente nada de belíssima.

Assiste aê e lembre-se sempre de Santayana.

Um comentário:

Mark disse...

Bem foda essa cena do filme. Quase AOCH..
VERIFICAÇÃO DE PALAVRAS: gandragg