domingo, 17 de maio de 2009

UM FIM DE SEMANA DOS INFERNOS... E DOS CÉUS

Diz a lenda que Tony Iommi teria vendido sua alma ao Demômio
em troca dos riffs mais BAD-ASS-MOTHERFUCKER de toda a história.
Mas quando o Demônio ouviu os riffs, teria ficado tão impressionado
pelo BAD-ASS-MOTHERFUCKERNESS do som que teria ficado com medo
de alguém assim no inferno, devolvendo a alma ao guitarrista e sugerido
que ele pagasse a dívida de outra maneira: com a capa de disco mais babaca,
tosca e sem sentido da história. Teólogos e diretores de arte de todo o mundo
concordam: se a lenda for verdadeira mesmo, o Iommi está livre.


Graças ao meu irmão Uncle Bugz e ao Renato da Localweb, tive a grata oportunidade de assistir ao show do Heaven & Hell no Credicard Hall, este sábado.

Pra quem não sabe, o Heaven & Hell é o Black Sabbath da fase 1979-1983, com o Ronnie James Dio nos vocais, Tony Iommi nas guitarras, Geezer Butler no baixo e Vinnie Appice na bateria. Só não chama Black Sabbath porque o Ozzy detém os direitos pro nome e não cede.

Pra dizer de outra maneira, o que eu fui ver no Credicard Hall foi uma das bandas que moldou minha adolescência e que, de verdade, eu nunca imaginei que podeira ver ao vivo. Só que eu vi.

Sempre fui fã incondicional dessa fase do Black Sabbath, achando inclusive que é uma banda completamente diferente da que tinha o Ozzy como vocalista. Ambas as formações foram inacreditáveis, idolatráveis, mas isso não muda o fato de que eram duas bandas distintas.

Aliás, ô banda pra mudar de vocalista, hein? Alguns dos melhores cantores de toda a história do hard rock / heavy metal já passaram pela banda: Ozzy, Dio, Ian Gillan, Glenn Hughes e até o Rob Halford, metal god do Judas Priest. São cantores com características únicas e, como era de se esperar, cada um trouxe um estilo diferente pra banda. Mas, graças ao Iommi e o Butler, o resultado era sempre o mesmo: Classic Black Sabbath.

E foi isso que a gente ouviu no sábado: Classic Black Sabbath, sob o pseudônimo de Heaven and Hell.

O show foi mais uma experiência transcedental do que um show propriamente dito. A iluminação do palco foi um espetáculo á parte, criando climas, texturas e impacto como poucas vezes tive a chance de ver numa casa de shows.

O Dio canta hoje em dia como sempre cantou. Apesar de seu semblante meio esquisito, parecendo uma espécie de Golum cabeludo do mal, a potência vocal dele não se alterou em nada ao longo dos anos. Lembro de ter lido uma vez, quando tinhas uns 15 anos, que o Dio (já naquela época) era como vinho: melhor com a idade. Isso faz 20 anos e nada parece ter mudado. Foi espetacular ouví-lo cantar alguns dos maiores clássicos do Sabbath, como “Heaven and Hell”, “Children of the Sea” e “Neon Knights”.

E foi uma honra, no sentido mais literal da palavra, estar no mesmo ambiente que o Tony Iommi.

Esperei até domingo de noite para postar isso, porque tinha certeza que se tivesse cedido à vontade de ter escrever ontem após o show, o resultado seria pura tietagem. Pois é. Acho que deu na mesma.

Porque poucas coisas são tão impressionantes quanto ouvir o que esse cara faz com a Gibson SG preta dele ao vivo. O som que emana dos amplificadores é de uma força que mesmeriza a plateia. É quase impossível o cérebro da gente entender que é só um guitarrista tocando.

Eu tinha comentado com o Uncle Bugz que estávamos prestes a testemunhar algo único, mas foi só nos primeiros acordes que a ficha caiu de fato: eu estava aí, a metros da pessoa que tinha INVENTADO aquele riff da música “Iron Man”, algo tão poderoso e marcante que mesmo hoje, 36 anos depois de ter sido escrito, ainda conquista fãs como meus filhos de 5 anos, que são tão fissurados pela música que sabem cantarolar até o solo de guitarra.

Esse cara criou o heavy metal e faz até hoje os melhores riffs de toda a história. E eu o vi e ouvi tocando. É o tipo de coisa que tem o poder de reverter uma situação de ateísmo. Porque é impossível alguém tocar assim sem intervenção divina. Ou, quem sabe, lá de baixo...

De qualquer forma, tentei de todas as formas jogar aqui um soundclip de uma das músicas do disco novo “The Devil You Know”, que ainda não saiu aqui no Brasil, mas o houndbite, pra variar, está com problemas, e eu não consegui fazer o upload. Por isso, perdoem a “solução caseira” de colocar um clipe do youtube com a música. O som (sorry pela qualidade) chama “Follow The Tears” e mostra bem o que eu quero dizer quando digo que o Iommi é uma fábrica de riffs memoráveis.

Baba aê:

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