sexta-feira, 16 de julho de 2010

NOTAS SOTEROPOLETÍLICAS E AFINS

Como já havia visitado Salvador em 2009, este ano os baianos se prepararam
para me dar as boas vindas com um templo etílico só meu. Achei simpático.


Já havia ido para Salavador em janeiro do ano passado e tive que ir de novo, em função do chá de bebê de minha cunhada. Imaginei que aproveitaria o fato de conhecer a cidade em outra estação para aumentar consideravelmente meu repertório de caipirinhas, com novas e exóticas frutas típicas. Mas curiosamente não foi este o caso. Como previsto, todas as frutas que eu havia experimentado no verão agora estavam fora de época, mas não haviam as “substitutas”.

No restaurante em cima do Mercado Modelo, por exemplo, enquanto esperava minha esposa terminar as compras, tive o seguinte papo bizarro com a garçonete quanto as variações de caipirinha que o local possuía.

“Oi! Diga uma coisa... caipirinha tem de quê?”
“Caipirinha ou caipiroska?”
“Como assim? Faz diferença? Tem frutas específicas pra cada tipo de destilado?”
“Mas o que o senhor quer? Caipirinha então?”
“Ehm... sim?”
“Então... tem de limão...” (silêncio)
“Só?”
“Ah... tem de maracujá...” (novo silêncio)

A impressão era que ela chutava um sabor e ficava esperando se era essa a que eu queria, só para não ter que listar todas as variedades. Sem muita paciência, acabei pedindo uma de maracujá. Curiosamente, quando minha esposa chegou, outra garçonete nos atendeu e informou que caipirinha tinha só de limão e MANGA.

Para não dizer que não experimentei NADA de novo, acabei encontrando duas caipirinhas inéditas nesta viagem. Uma de umbu-cajá, uma fruta amarelada que, como o nome já diz, lembra o sabor do umbu misturado como o do cajá (durrr).

A outra foi de cajá, que lembra mais ou menos o sabor do umbu-cajá, mas sem a acidez do umbu (durrr).Interessantes, mas nada que me fizesse sair atrás das frutas para trazer até sampa (como foi o caso do umbu e da siriguela no ano passado).

Agora, o que eu realmente preciso achar por aqui em algum restaurante típico – ou me arriscar a tentar replicar na cozinha – é uma tal de maniçoba que eu não conhecia. De aspecto meio “lodo de pântano”, como vocês podem ver na foto abaixo, a maniçoba é um tipo de feijoada sem feijão. Os ingredientes da feijoada estão lá, mas em vez de feijão vai uma espécie de caldo feito com folha da mandioca triturada (a folha da mandioca, por sinal, tem que ser muito bem preparada para não ser VENENOSA).

Imagino que a nossa foi bem preparada, já que estou vivo até hoje, e o prato é realmente uma delícia. De qualquer forma, aos aventureiros que quiserem arriscar o preparo em casa, aqui vai uma receita do prato que busquei na internet. Recomendadíssimo e, apesar do visual pouco apetitoso, é uma diliça (receita tirada do site www.saborosas.com).

Ingredientes:
3 kg de maniva moída (folha da mandioca-brava)
1/2 kg de toucinho
1/2 kg de carne-seca
1/2 kg de lingüiça portuguesa
1/2 kg de paio
1/2 kg de lombo de porco
1/2 kg de orelha de porco
1/2 kg de rabo de porco
Alho e pimenta-de-cheiro a gosto

Preparação:
Comece quatro dias antes de servir. No primeiro dia, Coloque a maniva moída numa panela grande com bastante água pela manhã e deixe ferver até anoitecer, em fogo brando, sem deixar a água secar.

No segundo dia, acrescente o toucinho e deixe ferver novamente pelo dia inteiro.

No terceiro dia, escalde todas as carnes e coloque-as na panela da maniva. Ferva de novo pelo dia inteiro, mexendo às vezes.

No quarto dia, acrescente o alho espremido e a pimenta. Deixe ferver por mais 6 horas, mexendo às vezes.

Sirva com arroz branco e farinha de mandioca.

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