"Você devia é levar essa sua busanfa gorda de volta pro DESERTO
onde não tem como atrapalhar o TRÂNSITO, animal!"
onde não tem como atrapalhar o TRÂNSITO, animal!"
Uma das características que menos me orgulho de ter é uma improvável combinação de incapacidade de planejamento com otimismo infundado – em outras palavras, “acho que dá, mas se não der a gente dá um jeito na hora, apesar de eu não imaginar que jeito a gente poderia dar”.
Isso me rendeu alguns fios brancos há cerca de dois anos, quando decidi que seria uma boa ideia levar meus filhos ao Simba Safári. Eu mesmo havia ido uma única vez e achei que a experiência seria marcante na vida deles. De certa forma, foi.
Saímos de manhã num sábado ensolarado e fomos rumo ao local. Vi o ponteiro na reserva, mas achei que daria. Só não me dei conta de como era longe e, ao chegar, comecei a ter dúvidas se o combustível seria suficiente para realizar o passeio todo.
Só que aí já era tarde para ter este tipo de dúvida, então segui bravamente pelo caminho, após ter alertado minha esposa Carla de que “talvez o carro PARE NO MEIO DO CAMINHO”.
Claro que, no Simba Safári, o “meio do caminho” pode ser na área dos macacos - enquanto eles pulam freneticamente por cima do seu carro - , ou na região dos grandes felinos. Mas agora teríamos que pagar pra ver, já que não tínhamos como dar meia-volta.
Desnecessário dizer, depois de algum tempo, o grau de tensão dentro do carro começou a se elevar até níveis próximos do desespero. Há quem argumente que não se deve fazer um passeio como este com PRESSA (provavelmente a esmagadora maioria das pessoas), mas infelizmente não tínhamos muita alternativa. E isso acabou transformando quem tivesse ido ao local simplesmente para passear despretensiosamente e curtir os animais com calma em NOSSOS MAIORES INIMIGOS.
Assim, a situação rendeu cenas como a gente acelerando de repente e cantando pneu dramaticamente só para conseguir ultrapassar um único carro mais lento à nossa frente, tendo que forçar a entrada na fila de maneira altamente deselegante, no que deve ter parecido uma manobra monumentalmente estúpida e estressada.
A gota d’água foi quando chegamos à jaula dos tigres, onde os bichos deitavam preguiçosamente e completamente imóveis senão por um ligeiro balançar de rabo a cada 3 ou 4 minutos. A fila de carros à nossa frente permanecia igualmente imóvel, enquanto as pessoas fotografavam os tigres e provavelmente esperavam por algum momento em que eles se levantassem e fizessem algo emocionante.
Mas o tempo passava, o ponteiro estava quase no negativo e nada acontecia, o que fez com que a habitualmente calma e moderada Carla perdesse a paciência e começasse a gritar para fora da fresta da janela coisas como “Não tá vendo que a porcaria do tigre ta DORMINDO?” ou “Quer ficar parado vendo bicho, vai no ZOOLÓGICO onde não tem CARRO atrás de você!”
Neste clima de tensão absoluta e ultrapassagens improváveis, finalmente conseguimos terminar o percurso todo e parar no primeiro posto que encontramos pela frente.
E, como eu havia previsto inicialmente, tudo acabou bem.
Um comentário:
Tinham tirado o Opala dourado que marcava o posto? Ou você não encontrava o ponto exato embaixo do MASP para abastecer? As sandálias verdes tinham tirado sua concentração? Hein, BASTARDO?
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